sábado, 11 de dezembro de 2010

Mercantilismo inglês e francês

Mercantilismo Inglês

Documento 1
Para o progresso do armamento marítimo  da navegação que, sob a protecção e a bondade da Providência Divina, tanto interessam à prosperidadde, segurança e poderio deste reino [...], nenhuma mercadoria será importada ou exportada das regiões, ilhas, plantações ou territórios pertencentes a sua Majestade ou na posse de Sua Majestade, na Ásia, América e África, noutros barcos que não aqueles que, sem qualquer fraude, pertencem a súbditos ingleses irlandeses ou gauleses, ou ainda a habitantes dessas regiões, ilhas plantações e territórios, e que sejam comandados por um capitão inglês e guarnecidos  de uma tripulação em três quartos inglesa [...]. Nenhuma mercadoria produzida ou fabricada no estrangeiro e que tenha de ser importada pela Inglaterra, Irlanda, País de Gales, ilhas de Jersey ou Guernesey [...] deverá ser embarcada noutros pontos que nos do país de origem.
Citado por Pierre Deyon, O Mercantilismo
Lisboa, Ed. Gradiva, 1983





A Inglaterra baseou o seu mercantilismo no indústria naval. Através da decretação de vários Actos de Navegação, Cromwell (burguês que desenvolveu a economia inglesa) brestringiu a liberdade dos navios estrangeiros ao comerciarem com Inglaterra. No documento está expresso o Acto de Navegação de 1651, o primeiro decretado, e nele podemos verificar que qualquer produto que saísse ou entrasse de Inglaterra deveria ir em navios ingleses, ou no mínimo três quartos da tripulação deveria ser inglesa. Com isto os ingleses iriam ter mais emprego e ao mesmo tempo os interesses de Inglaterra (do rei) eram defendidos. No entanto, Inglaterra tambem desenvolveu a sua indústria e agricultura, e adoptaram um sistema fiscal e alfandegário flexível.



Mercantilismo Francês

Documento 2
Julgo que será fácil acordarmos no princípio segundo o qual só a abundância de dinheiro num Estado constituirá a diferença da sua grandeza e poderio. [...]
Partindo deste princípio, fácil é concluir que quanto mais pudermos reduzir os lucros que os Holandeses obtêm à custa dos súbditos do rei e do consumo das mercadorias que nos trazem, tanto mais aumentará o dinheiro em moeda que deve enrar no reino graças aos bens necessários que produzimos e tanto mais aumentará o poder, grandeza e abundância do Estado. [...]
Podemos concluir o mesmo relativamente às mercadorias de entreposto, isto é, àquelas que poderíamos ir buscar às Índias Orientais e Ocidentais [...].
Para lá das vantagens trazidas pela entrada de uma maior quantidade de dinheiro em moeda no reino, é certo que um milhão de pessoas que definham pela ociosidade ganhariam a vida nas manufacturas;
Que um número igualmente considerável ganhará a vida na navegação e nos portos de mar;
Que a multiplicação quase infinita das embarcações será também a multiplicação da grandeza e poder do Estado.
São estes, segundo o que entendo, os fins que devem votar-se a aplicação do rei, a sua bondade e o amor pelos seus.
P.Clement, Lettres, "Instructions et Mémoires de Colbert", em P. Deyon, ob. cit.

As medidas mercantilistas francesas basearam-se essencialmente no desenvolvimento interno. Inicialmente o Cardeal Richeleu (1º ministro de Luís XIII), empenhado em vencer a concorrência da Holanda, estimulou a construção naval, a de novos portos e a fundação de grandes companhias mercantis para o comércio colonial. Porém, foi apenas Jean-Baptiste Colbert (ministro de Luís XIV) quem desenvolveu o mercantilismo francês. Ele engrandeceu a economia francesa através do aumento da produção manufactureira, fortaleceu o comércio externo e alargou as áreas coloniais e respectivo comércio, ao mesmo tempo que afastava a concorrência holandesa.


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