sábado, 15 de janeiro de 2011

A Sociedade do Antigo Regime

As características essenciais da sociedade do Antigo regime são a estratificação e a hierarquização, ou seja, a sociedade estava organizada em grupos hierarquizados segundo critérios raciais, económicos e ideológicos, entre outros. A estes grupos era dado o nome de estratos ou ordens, e eram três, o clero, a nobreza e o povo. Cada um destes estratos gozava de um estatuto próprio com direitos e deveres reconhecidos na lei, que correspondiam a um certo grau de prestígio social e a específicos valores e comportamentos, para toda a vida.
O clero e a nobreza eram as ordens privilegiadas, apesar de representarem apenas uma minoria da população (3% nos países católicos, com excepção de Portugal e Espanha, onde a percentagem era de quase 10%), e o povo era a ordem não privilegiada.
Na hierarquia das ordens, a primeira posição era ocupada pelo clero. Este tinha diversos privilégios: estava sujeito a leis próprias (direito canónico), pois como era um estado religioso apenas precisava de obedecer ao Papa de Roma, o representante de Cristo na Terra que era superior a tudo e todos; tinha isenção tributária, excepto nas advertidas pelo Papa; não cumpre obrigações militares; tinha direito á cobrança de um décimo de toda a produção das restantes ordens (dízimo eclesiástico);desempenhava altos cargos no ensino, na corte e na administração pública; era também uma ordem com bastante prestígio e consideração social devido ao seu poder espiritual. Sendo os mais privilegiados tinham bastante liberdade, tanta que eram considerados como “um Estado dentro do Estado”.
Juridicamente colocada atrás do clero encontrava-se a nobreza. A nobreza sobressaía socialmente, pois detinha acesso exclusivo aos cargos mais elevados do Estado tanto no exército como na justiça e na administração do reino. Além disso, também beneficiava de um alargado conjunto de outros privilégios. Estavam isentos de quase toda a totalidade dos impostos (tinha de pagar os impostos gerais), beneficiavam de leis menos gravosas do que o povo (foro privado) e continuavam a cobrar os direitos senhoriais. Apesar de todos os nobres usufruírem do mesmo estatuto legal, eles estavam divididos em muitas categorias e escalões. Tinham essencialmente dois grupos: a nobreza de espada (nobres com altos cargos a nível militar) e a nobreza de sangue (nobres de linhagem, ou seja, nobres que herdaram o seu estatuto pelo nascimento) á qual mais tarde se juntou a nobreza de toga (elementos do Terceiro Estado que enobreceram através do casamento com um nobre, do seu mérito e capacidades pessoais).
Claramente maioritário, o povo ou Terceiro Estado encontrava-se na última posição na hierarquia da sociedade. Tal como a nobreza, também o povo estava dividido em vários estratos. No topo encontrava-se a alta burguesia, que ocupava funções de algum prestígio social e procurava, por vezes conseguindo, o enobrecimento, através do casamento entre o seu filho(a) com um(a) nobre. De seguida, estavam os elementos com profissões liberais (pequeno comércio, artesanato e pequeno e médio produtor agrícola). Por fim, na base, situavam-se os camponeses, os assalariados tanto da cidade como do campo (sendo mais do segundo). Todos estes eram inferiores nos cargos, no vestuário, nos tratamentos, na consideração pública e cumpriam penas mais gravosas do que os outros.
Apesar das grandes diferenças e desigualdades nesta hierarquia, todos os estratos aceitavam e tomavam como natural devido á mentalidade da época. Todos eles achavam que aquele era o seu lugar na sociedade pois foi assim que Deus fez o mundo, e portanto, cada um se devia manter no lugar que lhe era devido e que lhe tinha sido dado, para toda a vida.
    

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