terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Revolução Americana

A primeira grande revolução liberal, e aquela que influenciou a Revolução Francesa da qual se irá falar de seguida, foi a Revolução Americana de 1776. Esta aconteceu na América do Norte, mais precisamente, nas Trezes Colónias Inglesas.
As Treze Colónias inglesas, criadas no século XVII na costa leste da América do Norte, estavam divididas em três grupos distintos:
      Þ     As colónias do Norte (a Nova Inglaterra) – Nova Hampshire, Massachussets, Rhode Island e Conneticut – eram compostas por ingleses e escoceses (fugidos devido á perseguições e á procura de mais liberdade), que viviam da agricultura, da indústria, da pesca e do comércio. Eram, dos três grupos, os mais dinâmicos, democráticos, progressistas e avançados a nível cultural.
      Þ     As colónias do Centro – Nova Iorque, New Jersey, Delaware e Pensilvânia – eram compostos por ingleses, irlandeses, holandeses, suecos, alemães e judeus, que eram económica e culturalmente próximos das anteriores, com as quais mantinham óptimas relações.
      Þ     As colónias do Sul – Maryland, Vírginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia – eram compostos por população branca, praticamente toda inglesa e aristocrata, que viviam da agricultura e dependia das suas grandes plantações de açúcar, algodão, tabaco e arroz (trabalhadas por escravos negros). Eram maioritariamente anglicanos e tradicionalistas.
A principal causa desta revolução foi o facto da política colonial exercida por Inglaterra se tornar mais rígida e cruel (especialmente depois de 1763). O Governo inglês aumentou os impostos nas colónias (devido ás despesas na Guerra dos Sete Anos), de estas terem sido obrigadas a suportar os gastos militares ingleses no seu território e de terem recusado o seu pedido para terem lugar no Parlamento de Londres.
Os colonos começaram por se recusar a pagar as taxas, que consideravam injustas, e assim foram originados conflitos tais como o Massacre de Boston (1770) e a Tea Party (1773). Após estes conflitos, a Inglaterra promulgou um conjunto de leis (fecho do porto de Boston, redução da autonomia em Massachussets, limites à expansão para oeste…), denominadas de Lais Intoleráveis, que provocaram o corte definitivo nas relações entre Inglaterra e as Treze Colónias.
Com as relações cortadas, os representantes das Treze Colónias, reuniram-se em três Congressos em Filadélfia para lutar pela sua autonomia e independência. No 1º Congresso, em 1774, os representantes decidiram terminar o comércio com a Inglaterra. No ano seguinte, ocorreu o 2º Congresso de Filadélfia, no qual foi organizado um exército, entregue a George Washington, e enviaram mensageiros para procurarem alianças na guerra que estavam a preparar contra Inglaterra. No último Congresso, em 1776, foi aprovada a Declaração de Independência. Os ingleses, como esperado, reagiram e foi instalada a guerra. Com a ajuda francesa, os americanos conseguiram valorizados triunfos, e em 1783, o Tratado de Versalhes autenticava o novo Estado.
A Declaração de Independência, escrita por Thomas Jefferson, foi realizada segundo os ideais iluministas. O texto exaltava dois princípios da revolução: m todos os homens nascem iguais e o poder maior reside no povo. O primeiro (“todos os homens criados são iguais”), diz que todos os indivíduos são iguais, e portanto têm de usufruir de direitos iguais, tais como o direito à vida, à propriedade e à felicidade (estando estes mais tarde presentes na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão). Se tal acontecesse, passaria a ser uma sociedade igualitária, sem ordens privilegiadas e onde todos tinham as mesmas oportunidades. O segundo ponto, é por outras palavras, o princípio da soberania nacional, segundo a qual todo o poder do governo e a sua legitimidade dependia da vontade popular. Apesar de ser inovadora e revolucionária, esta Declaração não resolveu o problema das 13 colónias, que tinham entre si diversas divergências. Foi então promulgada uma Constituição (1787) que criou uma república federal, resultante da livre associação dos Estados Autónomos. Esta Constituição seguiu os ideais iluministas e reconhecia os dois princípios exaltados na Declaração de Independência. Assim foi criado o primeiro regime liberal, que será seguido por muitos outros.

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