sábado, 19 de fevereiro de 2011

Iluminismo

O Iluminismo foi um movimento filosófico que dominou o mundo das ideias na Europa do século XVIII. Racionalista, optimista e rejeitando as ideias naturais do cartesianismo (sistema filosófico de Descartes), a filosofia das Luzes substitui o empirismo (sistema filosófico que atribui unicamente à experiência dos sentidos a origem dos conhecimentos) pelo inatismo (teoria que defende a existência de ideias, capacidades ou atitudes que nascem com o Homem, sem necessidade da experiência ou da aprendizagem). Os seus principais representantes foram John Locke, David Hume e Isaac Newton, em Inglaterra; Christian Wolff, Lessing, e Herder, na Alemanha; Montesquieu, Voltaire, Diderot, Jean-Jacques Rosseau, Condillac e Buffon, em França. E a sua principal “arma” foi a Enciclopédia ou Dicionário Racional das Ciências, das Artes e dos Ofícios, publicada em 28 volumes (1751 a 1772) sob coordenação dos filósofos franceses Diderot e d’Alembert, com a colaboração de muitas outras personalidades.
Este movimento põe em primeiro lugar a utilidade e a felicidade individual, exaltando o indivíduo pela sua capacidade racional, a sua inteligência ou razão. Achavam que o progresso iria melhorar a existência material dos Homens e, através dele, seria possível atingir a felicidade, considerada um direito de cada um e supremo objectivo da sua existência. A reflexão dos filosóficos sobre a condição sobre a condição natural do Homem, levou-os ao reconhecimento dos direitos naturais (privilégio ou regalia que resulta da natureza física e biológica dos seres, ou seja, todo aquele que deriva das condições naturais e iguais, á nascença, de todos), que incluíam os princípios de igualdade e de liberdade. Criticavam essencialmente as hierarquias sociais e religiosas e condenavam a tradição. Esta crença na Natureza, chegou a sobrepor-se á fé e á religião, sendo considerada até um religião, a religião natural, e uma moral, segundo a qual o Bem estava directamente relacionado com o prazer e o Mal com a dor.
Para conseguirem exercer a sua razão, os iluministas defendiam que todos deveriam ter direito á Educação, incluindo as mulheres que eram defendidas no iluminismo. Deveriam saber ler, escrever, etc., para poderem entender melhor a realidade e “abrir a mente”. No entanto, a educação não devia ser entregue á Igreja, como era anteriormente feito, pois estes ensinavam segundo as suas próprias ideias e mentalidades. As crianças deviam ser ensinadas para que se pudessem integrar melhor na sociedade. Segundo Rosseau, era necessário que a criança desenvolve-se primeiro a alma e o coração e apenas posteriormente a Razão. Tinham de deixar as crianças serem crianças e serem elas próprias a aprender, só depois instruí-la, educá-la e dar-lhe a Razão.
A grande parte destes princípios identificava-se com a mentalidade burguesa e os valores por ela defendidos (igualdade, liberdade, individualismo, progresso, dignificação pessoal…). Criticavam as hierarquias sociais e religiosas e o feudalismo. Tudo isto contagiou diversos instruídos da época, até mesmo monarcas e aristocratas. Achavam que os poderes legislativo, executivo e judicial deviam estar separados e não deviam existir privilégios. Foi mesmo criado uma nova forma de governo entre os monarcas absolutos, o despotismo iluminado. Este estava caracterizado pelo respeito da condição natural dos Homens, pela moralização da prática do poder, pela tolerância e pela valorização do progresso e do saber.
O Iluminismo deu depois origem ao liberalismo, ou seja, á sua prática através de revoluções contra o regime absolutista, nomeadamente nos EUA, em França, na Alemanha e, posteriormente, em Portugal.

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