quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sugestão

Se quiserem saber mais sobre a Revolução Industrial de uma forma diferente, podem ver o filme "Tempos Modernos". Este filme fala da forma como a Revolução Industrial veio afectar a sociedade e dos problemas que trouxe, tudo de uma forma cómica. É um filme mudo de Charlie Chaplin que transmite uma mensagem social, no qual cada cena é trabalhada para que a mensagem chegue verdadeira e real, sem deixar escapar nada.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Tratado De Methuen E Ouro Brasileiro

Aqui está agora um slideshow sobre o Tratado de Methuen e o ouro brasileiro:

Tratado de Methuen

Durante o século XVII Portugal tinha dos melhores vinhos a nível europeu, os vinhos do Douro, os da Madeira e os dos Açores. Estes eram essencialmente exportados para as ilhas britânicas e suas colónias. Na verdade, em finais do século XVII, Inglaterra já importava mais de metade dos vinhos portugueses. Assim, no início do século XVIII, foi assinado o Tratado de Methuen entre Portugal e Inglaterra. Neste tratado estava expresso que "os panos de lã e mais fábricas de lanifícios de Inglaterra" eram livremente e "para sempre" admitidos em Portugal, enquanto que Inglaterra "será obrigada para sempre, daqui em diante (...) [a] admitir na Grã-Bretanha os vinhos" portugueses. Ou seja, a Inglaterra iria ser obrigada a importar os vinhos portugueses, e Portugal teria de abrir os seus mercados têxteis aos ingleses.
Isto fez com que Portugal não desenvolve-se a sua manufactura e que a sua economia ficasse dependente de Inglaterra.


sábado, 11 de dezembro de 2010

Mercantilismo em Portugal

Em Portugal, as medidas mercantilistas apenas foram adoptadas em finais do século XVII (reinado de D. Pedro II). No início os portugueses deixaram a sua economia ficar dependente da exploração colonial, mas com o tempo esta veio a cair e, com a concorrência da Holanda, França e Inglaterra, foi ainda mais prejudicada. Foi então necessário arranjar uma forma de melhorar a situação económica do país, e assim apareceu o mercantilismo em Portugal.  Podemos então dizer que estas medidas foram oportunas e ao mesmo tempo tardias. Foram oportunas porque apareceram numa altura em que Portugal precisava bastante de desenvolver a sua manufactura e  de produzir mais. Foram também tardias pois, em relação aos outros países europeus, Portugal ficou muito atrasado e não se pode desenvolver tanto como eles.

Primeiras medidas mercantilistas em Portugal
"Restrição às importações, nomeadamente com a promulgação de novas leis pragmáticas*. Entre os artigos mais visados encontravam-se os tecidos de luxo, os chapéus, as rendas e os brocados, os vidros e os azulejos."
® restrição aos produtos de luxo utilizados essencialmente pela nobreza e burguesia / *leis que proibem as importações.

“Política de desvalorização monetária que, encarecendo os produtos estrangeiros entrados em Portugal e embaratecendo os portugueses no estrangeiro, incentivou as exportações, ao mesmo tempo que entrava o crescimento das importações.”
® a desvalorização da moeda incentivava as exportações e travava as importações.

“Incentivo e protecção às indústrias através dos seguintes meios: fundação de novas manufacturas (vidros, têxteis, fundição de ferro…); contratação de mão-de-obra qualificada no estrangeiro; concessão de benefícios fiscais  e subsídios financeiros.”
® incentivo às indústrias, mão-de-obra qualificada e isenção de impostos.

“Apoio ao comércio com adopção de medidas de incentivo á construção naval e a criação de novas companhias monopolistas para o comércio colonial (exemplo: Companhia do Cachéu, de 1675, e a Companhia do Maranhão, de 1679).”
® apoio ao comércio com construção naval e criação de companhias monopolistas.

Bloqueio das indústrias europeias

Com o grande desenvolvimento de Holanda, França e, principalmente, Inglaterra, muitos outros países europeus também quiseram passar a utilizar um sistema económico mercantilista. Melhoraram o seu comércio interno e desenvolveram a sua manufactura. A partir do século XVIII já praticamente todos os países europeus tinham adoptado estas medidas. Assim, ninguém queria importar e todos queriam exportar, no entanto, como não existiam compradores a Europa entra numa Depressão Económica. Ao mesmo tempo que houve esta crise económica, houve também uma crise colonial, devido á concorrência e aos ataques e batalhas travadas entre alguns países europeus pela posse de colónias.
Batalha anglo-holandesa

Revolução Agrícola e Industrial em Inglaterra

Para melhorar o seu comércio interno, antes de tudo foi necessário a Inglaterra desenvolver a sua agricultura, assim se deu a Revolução Agrícola. Esta revolução teve por base as inovações feitas na agricultura que são o sistema quadrienal de rotação de culturas (que veio substituir o anterior sistema trienal), o aumento das áreas cultivadas (com recurso a terrenos baldios, aos arroteamentos e às drenagens de zonas pantanosas), o emparcelamento de terra e as vedações (enclousures - com as vedações deixaram de ser necessários tantos homens a guardar o gado, que depois vão para a cidade, e ao mesmo tempo as vedações também protegiam as culturas dos animais), a selecção de sementes, a mecanização (máquina de semear, entre outros) e o aumento da criação de gado (que fornecia lã, carne e adubo). Consequentemente, estas inovações levaram a uma melhoria da produtividade e da produção agrícola, o que fez com que passasse a existir uma melhor alimentação, mais racional e variada (recurso aos cereais, batata e carne).
Os progressos na alimentação em conjunto com os avanços medicinais e com a maior preocupação higiénica fizeram com que houvesse uma diminuição das taxas de mortalidade. Por outro lado, as transformações agrícolas e industriais e a descida da idade média do casamento levaram a um aumento da taxa de natalidade. Ou seja, deu-se um crescimento demográfico da população. Esta expansão demográfica foi acompanhada por um incremento da urbanização (desenvolvimento e crescimento de condições nas zonas urbanas). Na verdade, na década de 1840, a percentagem de população urbana já ultrapassava a rural, em Inglaterra, enquanto que noutros países a população urbana era inferior a 20%. Obteve-se também um alargamento dos mercados internos. Os mercados passaram a estar abertos semanalmente e foram abertas lojas. Com a expansão demográfica e o alargamento de mercados verificou-se uma acumulação de forças produtivas (mão-de-obra + capitais + matérias primas).
Tudo o que foi aqui referido com os progressos técnicos, a revolução dos transportes (para melhorar o comércio internacional) e a industrialização (maquinofactura) deu origem á Revolução Industrial, que teve como sectores de arranque a indústria têxtil e a metalurgia.
A Revolução Industrial deu origem a alterações no sistema de produção (fábricas, maquinofactura, operários, divisão do trabalho, produção em série) e a modificações na paisagem (lixos e desperdícios industriais, ruído intenso do trabalho das máquinas, fuligem e pó de carvão existente no ar).

Mercantilismo inglês e francês

Mercantilismo Inglês

Documento 1
Para o progresso do armamento marítimo  da navegação que, sob a protecção e a bondade da Providência Divina, tanto interessam à prosperidadde, segurança e poderio deste reino [...], nenhuma mercadoria será importada ou exportada das regiões, ilhas, plantações ou territórios pertencentes a sua Majestade ou na posse de Sua Majestade, na Ásia, América e África, noutros barcos que não aqueles que, sem qualquer fraude, pertencem a súbditos ingleses irlandeses ou gauleses, ou ainda a habitantes dessas regiões, ilhas plantações e territórios, e que sejam comandados por um capitão inglês e guarnecidos  de uma tripulação em três quartos inglesa [...]. Nenhuma mercadoria produzida ou fabricada no estrangeiro e que tenha de ser importada pela Inglaterra, Irlanda, País de Gales, ilhas de Jersey ou Guernesey [...] deverá ser embarcada noutros pontos que nos do país de origem.
Citado por Pierre Deyon, O Mercantilismo
Lisboa, Ed. Gradiva, 1983





A Inglaterra baseou o seu mercantilismo no indústria naval. Através da decretação de vários Actos de Navegação, Cromwell (burguês que desenvolveu a economia inglesa) brestringiu a liberdade dos navios estrangeiros ao comerciarem com Inglaterra. No documento está expresso o Acto de Navegação de 1651, o primeiro decretado, e nele podemos verificar que qualquer produto que saísse ou entrasse de Inglaterra deveria ir em navios ingleses, ou no mínimo três quartos da tripulação deveria ser inglesa. Com isto os ingleses iriam ter mais emprego e ao mesmo tempo os interesses de Inglaterra (do rei) eram defendidos. No entanto, Inglaterra tambem desenvolveu a sua indústria e agricultura, e adoptaram um sistema fiscal e alfandegário flexível.



Mercantilismo Francês

Documento 2
Julgo que será fácil acordarmos no princípio segundo o qual só a abundância de dinheiro num Estado constituirá a diferença da sua grandeza e poderio. [...]
Partindo deste princípio, fácil é concluir que quanto mais pudermos reduzir os lucros que os Holandeses obtêm à custa dos súbditos do rei e do consumo das mercadorias que nos trazem, tanto mais aumentará o dinheiro em moeda que deve enrar no reino graças aos bens necessários que produzimos e tanto mais aumentará o poder, grandeza e abundância do Estado. [...]
Podemos concluir o mesmo relativamente às mercadorias de entreposto, isto é, àquelas que poderíamos ir buscar às Índias Orientais e Ocidentais [...].
Para lá das vantagens trazidas pela entrada de uma maior quantidade de dinheiro em moeda no reino, é certo que um milhão de pessoas que definham pela ociosidade ganhariam a vida nas manufacturas;
Que um número igualmente considerável ganhará a vida na navegação e nos portos de mar;
Que a multiplicação quase infinita das embarcações será também a multiplicação da grandeza e poder do Estado.
São estes, segundo o que entendo, os fins que devem votar-se a aplicação do rei, a sua bondade e o amor pelos seus.
P.Clement, Lettres, "Instructions et Mémoires de Colbert", em P. Deyon, ob. cit.

As medidas mercantilistas francesas basearam-se essencialmente no desenvolvimento interno. Inicialmente o Cardeal Richeleu (1º ministro de Luís XIII), empenhado em vencer a concorrência da Holanda, estimulou a construção naval, a de novos portos e a fundação de grandes companhias mercantis para o comércio colonial. Porém, foi apenas Jean-Baptiste Colbert (ministro de Luís XIV) quem desenvolveu o mercantilismo francês. Ele engrandeceu a economia francesa através do aumento da produção manufactureira, fortaleceu o comércio externo e alargou as áreas coloniais e respectivo comércio, ao mesmo tempo que afastava a concorrência holandesa.


Proteccionismo e Mercantilismo

Baseado na prosperidade holandesa, houve um reforço das teorias que consideravam a actividade mercantil o motor da economia e riqueza dos povos. Mas veio também mostrar que para tal era necessário existir uma balança comercial favorável, ou seja o saldo existente entre as importações e as exportações deveria ser positivo. Com estas ideias, outros países europeus tentaram copiar o modelo económico holandês.
Foi em França e Inglaterra que foram praticadas as primeiras medidas proteccionistas, que se resumiram na adopção de políticas fiscais e alfandegárias que favoreciam as exportações e acabassem com as importações. O proteccionismo apoiou-se no mercantilismo, que orientou muitos economistas neste período.
Segundo o mercantilismo um país deveria ter uma grande quantidade de metais preciosos (ouro e prata), pois era nisso que se baseava a sua riqueza. Para tal, deveria ter uma grande actividade económica e, acima de tudo, manter a sua balança comercial favorável. Os Estado deveriam favorecer o desenvolvimento da sua produção interna, de modo a que não necessitem de comprar ao estrangeiro.

Domínios comerciais holandeses

A Holanda desenvolveu-se por causa do seu comércio dinâmico e rico. Como tinham muitos produtos, os holandeses vendiam-nos a preços baixos para de seguida os aumentarem, obtendo desta forma mais lucro. Começaram assim a dominar zonas que lhes fossem favoráveis ao comércio. A primeira zona dominada pela Holanda foi o Báltico. Como era calmo e de fácil navegação tornou-se um óptimo local de comércio. O Báltico permitiu aos holandeses importar produtos que tinham em falta, graças ao rápido e grande aumento da população.
Durante este tempo, os outros países da Europa estavam em guerras religiosas, e a Holanda aproveitou esse facto para comercializar e avançar no seu desenvolvimento, já que não estava em guerra. Aproveitou as crises dos outros para comprar produtos estrangeiros a preços mais diminuídos e vende-los aqueles que estavam em guerra e que, como tal, não tinham disponibilidade nem recursos para comercializar ou comprar produtos para si.
Outra zona de implantação do comércio holandês foi a Península Ibérica. Iam a Lisboa para comprar especiarias e a Sevilha prata americana. Além das especiarias, Lisboa também lhes fornecia o sal, que era necessário para conservar os produtos e as peles. Em troca forneciam aos Portugueses cereais e manufacturas.
A Holanda também aproveitou para ficar com as rotas do Mediterrâneo, pois esta zona entrou em crise, devido às fomes, epidemias e guerras.
Com todo este desenvolvimento, a Holanda decidiu lutar pela sua independência (na altura a Holanda pertencia a Espanha) e aventurar-se no comércio colonial, expansão ultramarina. A Holanda passou a comercializar com alguns países, pagando-lhes mais do que os portugueses e espanhóis pelos produtos. Também construíram feitorias e entrepostos comerciais em vários locais e companhias monopolistas (Companhia das Índias Ocidentais e Companhia das Índias Orientais). Fizeram várias conquistas espalhadas pelo mundo:
- em África conquistaram da Mina e fundaram uma colónia de emigração no Cabo;
- no Oriente expulsaram os Portugueses, criaram entrepostos comerciais e estenderam as rotas até á Ásia;
- na América perderam a Nova Amesterdão (Nova Iorque) para os ingleses e apenas ficaram com uma pequena parte das colónias.
Depois, com o desejo pelo açúcar, os holandeses fizeram várias tentativas para se instalarem nas colónias portuguesas do Brasil, onde implantaram territórios. Portugal só começou a tentar recuperar o Brasil quando conseguiu a restauração da sua independência e teve de pedir ajuda a Inglaterra. Conseguiram assim, mandar embora os holandeses, mas tiveram de abrir as portas aos ingleses e reconhecerem os seus territórios no oriente.

Conceitos

Bolsa
"Originariamente, o termo bolsa equivalia a feira, pois designava o lugar onde se reuniam os mercadores para efectuarem as suas transacções, quer em mercadorias, quer em capitais. Só a partir do século XVI a especulação financeira se separou da contratação de mercadorias, passando a fazer-se em locais próprios."


Banco
"Estabelecimento ou organismo financeiro que, em nome de um particular ou de uma sociedade, efectua operações económicas tendentes a realizar lucros sobre o numerário."

® Estabelecimento financeiro que realiza operações económicas, para obter um maior lucro. Um exemplo foi o Wisselbank ou Banco de Transferências de Amesterdão, em 1605. Este foi inicialmente feito para a realização de transferências, mas a partir de 1615, passou também a conceder empréstimos e a praticar investimentos.

Capitalismo comercial e financeiro
"Sistema económico caracterizado pelo predomínio do capital comercial sobre a produção, os bancos e as bolsas. Foi o tipo de capitalismo predominante na Europa até ao eclodir da Revolução Industrial."

® Sistema económico em que o capital vinha essencialmente do comércio, em vez da produção, bancos ou bolsas. Depois da Revolução Industrial foi substituído pelo capitalismo industrial.

Sociedade por acções
"Associação económica (com fins comerciais, financeiros ou outros) cujo capital activo resulta da junção de pequenos investimentos particulares e até, por vezes, anónimos. Os pequenos investidores privados não participavam directamente nos negócios e apenas comparticipavam nos lucros e prejuízos."

® Sociedades que eram criadas a partir de vários investidores particulares (ou até anónimos) para criar grandes capitais. A primeira do género foi a Companhia das Índias Orientais (1602) para a exploração do comércio colonial, que foi seguida por outras, tal como a Companhia das Índias Ocidentais (1621) criada para o tráfico com as Américas e a África Ocidental. Estas foram mais tarde tranformadas em companhias por acções.
® Local onde se faziam trocas de mercadorias e de capitais (feiras), mas a partir do século XVI, passaram a ser feitas trocas de capitais em edifícios próprios (bancos).

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Holanda

Como foi visto anteriormente a Holanda impôs-se perante a política de mare clausum dos povos ibéricos, que foi depois substituída pela política de mare liberum. A Holanda pode assim começar a desenvolver-se tanto a nível agrícola como a nível manufactureiro.
Agricultura:
Um dos objectivos foi aumentar a superfície cultivável. Para isso, foi construído um sistema de diques e canais, e foram utilizados moinhos de drenagem. Estas obras tornaram os holandeses peritos em hidráulica e mecânica.
Também melhoraram algumas das suas técnicas agrícolas (o cultivo trienal foi substituído pela rotação continua de culturas), a pastorícia e a criação de gado.
Tudo isto, fez com que a burguesia mercantil começasse a investir nas explorações agrícolas, o que fez com que houvesse um ainda maior desenvolvimento.
Manufactura:
A Holanda tinha uma grande diversidade de manufacturas. Tinha as indústrias têxteis (tinturia, calandragem, acabamento de panos), indústria de instrumentos de precisão (relojoaria, óptica, matemática, geometria), metalurgia, produção de papel, entre outras.
A mais importante foi a construção naval, pois era através do mar que eram realizadas as trocas comerciais. A indústria das pescas também foi muito importante. A Holanda aumentou a sua actividade piscatória para ajudar outros países que não comiam carne, vendendo-lhes peixe quando estes não o tinham.

Todo este desenvolvimento, fez aumentar as condições de vida holandesas, o que fez com que houvesse um crescimento demográfico. Este crescimento também se deu devido á tolerância holandesa (foi local de refugio para vitimas de perseguição político-ideológica, e religiosa).